O livro Gênesis, ou livro das origens (é a palavra pela qual começa o texto sacro), contém tradições das mais remota antiguidade. utilizou-se seu redator de fontes de origem diversas, as quais, por vezes, apresentam algumas divergências.
Não se trata de um verdadeiro livro de história (ao menos no sentido em que entendemos hoje história), nem tampouco um manual de história natural com a finalidade de expor as origens do mundo e da humanidade. O seu autor teve em vista apresentar um ensinamento religioso que determina as relações entre homem e o seu Criador. Divide-se em duas partes: as origens propriamente ditas (Cap. 1 a 11), e em seguida a história dos três grandes patriarcas do povo de Deus. Na primeira parte os três primeiros capítulos são de particular importância.
O ensinamento por mais imaginativo e popular que seja, e denso e profundo: Deus é o criador do mundo e é distinto do universo. O mundo é bom. A finalidade da criação é a paz de Deus, figurada no repouso do sétimo dia. O homem foi criado da terra, mas animado de um sopro de vida. Destina-se ele a viver na amizade com Deus, que lhe concedeu o dom da liberdade. Ora, a harmonia primitiva da criatura foi destruída. O homem, seduzido pelo poder da mentira, expõe-se a desobedecer a Deus, na vã esperança de tornar-se igual a ele. Toma então consciência de si mesmo no sofrimento e na vergonha. Desta forma o pecado entrou no mundo. O homem foi excluído das delícias do paraíso. Foi-lhe contudo permitido alimentar a esperança de uma libertação, na qual podemos considerar o gérmen da doutrina de nossa redenção por Jesus Cristo. Depois da primeira queda, o homem, entregue a si mesmo, é dominado pelo pecado. O primeiro crime é o da inveja. O mal generaliza-se numa corrupção que parece irremediável. Sobrevém o dilúvio.
Depois do dilúvio entre em vigor a primeira aliança entre Deus e os homens. A humanidade salva das águas deve demonstrar a sua fidelidade a Deus pela observância dos mandamentos divinos (Gen 9,1-7). A narração da torre de Babel e a confusão das línguas é a divina resposta à negligencia humana em observar as cláusulas da aliança. O homem quase que voltou ao caos primitivo.
A segunda parte do Gênesis (cap. 12 a 50) ensina, pela história dos patriarcas, como Deus colocou em Abraão os primeiros alicerces da verdadeira Aliança, não mais com a humanidade inteira, mas com um povo eleito, do qual Abraão seria o pai. Esta aliança será proclamada por Moisés 500 anos mais tarde.
Vamo-nos aproximando do ano 2000 A.C.Abraão, pagão de origem, guiado pro Deus, deixa a sua terra natal e vem estabelecer-se na Palestina. Aí ele recebe as promessas divinas: será o pai de um povo numeroso e abençoado. A Aliança consistirá na fidelidade que o povo saído de Abraão deverá guardar para com Deus. Como sinal dessa aliança, foi instituído o rito da circuncisão para sempre.
Doutro lado Abraão é chamado a testemunhar sua fé numa prova de excepcional importância: O sacrifício do filho único, no qual repousava a promessa divina. Abraão, depositário das promessas da aliança, viveu pela sua virtude sob um signo das bênçãos do Senhor e merecerá ser chamado o Pai dos crentes.
Isaac e Jacó aparecem em seguida. É principalmente neste último que se fixa a livre escolha de Deus. Jacó, homem cheio de defeitos, é entretanto o elo que levará as gerações futuras a bênção divina. Ele recebe um novo nome - Israel - e torna-se um homem novo.
Entre os seus filhos, José, apesar de suas vicissitudes, torna-se o titular da eleição e da bênção divina, que se realiza fora da lógica dos planos humanos.
A segunda parte do Gênesis propõe, portanto, um ensinamento relativo à missão do povo eleito. Este deve voltar ao seu Deus pela esperança de uma libertação futura, consoante a promessa divina e pela fidelidade aos seus mandamentos.
Fonte: Bíblia Ave Maria
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