quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Necessário é que o bom Deus nos castigue

Quem poderia, meus irmãos, ouvir sem grande surpresa as palavras de nosso Salvador a seus discípulos antes de subir ao Céu, dizendo-lhes que a vida deles seria uma sucessão de lágrimas, de cruzes e padecimentos, enquanto as pessoas do mundo se abandonariam a uma alegria insensata e a risos frenéticos?
Isso não significa, diz-nos Santo Agostinho, que os homens do mundo, ou seja, os maus, não tenham também seus sofrimentos, pois as perturbações e os pesares são consequência de uma consciência criminosa, e um coração desregrado encontra seu suplicio em sua própria devassidão. (...)
Talvez, entretanto, penseis: "Não posso compreender que Deus nos aflija, Ele, que é a própria bondade e nos ama infinitamente". Perguntai-me também, então, se é possível que um bom pai castigue seu filho, ou um médico receite um remédio amargo a seus doentes. Julgais que seria mais acertado o pai deixar o filho viver na libertinagem, em vez de castigá-lo para mantê-lo no caminho da salvação e o conduzir ao Céu? Acreditais que agiria melhor o médico que deixasse o doente morrer, pelo receito de dar-lhe remédios amargos?
Oh! Como é cego quem faz tão errado raciocínio!
É necessário que o Bom Deus nos castigue, pois, do contrário, não seríamos do número dos seus filhos, já que o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo nos diz que o Céu será dado apenas àqueles que sofrem e combatem até a hora da morte. Julgais, porventura, meus irmãos, que Ele não diz a verdade? Pois bem, observai a vida dos Santos e o caminho que eles seguiram: quando pararam de sofrer, ele se julgam perdidos e abandonados por Deus.

São João Batista Vianney. 

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