Meu
amigo tinha razão no que dizia:
—Quanta
coisa estaria resolvida se observássemos os ensinamentos de Jesus no Evangelho.
Muito problemas nem existiriam e o mundo seria bem diferente.
Interessei-me
em ouvi-lo, mas logo teve que ocupar-se com outra coisa e deixamos para
conversar depois.
Já
em casa, procurando uns papéis, deparei-me com uma folha de revista. Lê-la e
querer contar aos outros, foram atos quase simultâneos.
Jesus
nos ensina no Evangelho que devemos fazer o bem sem querer retribuição. Mais
ainda, “que a vossa mão esquerda não veja o bem que faz a direita” (Mt 6,3)
A
página encontrada trazia um fato ilustrativo desse divino ensinamento. E em
nossos dias, não em séculos passados.
* * *
Quem
gosta de verdadeira música, conhece pelo menos de nome dois grandes tenores
espanhóis que marcaram época; Plácido Domingo e José Carreras.
Quem
os ouviu sabe que era realmente difícil optar por um ou outro quanto à qualidade
da voz, expressividade etc.
Devido
a questões políticas tornaram-se inimigos. A ponto de, ao assinarem contrato
para alguma apresentação, fazerem constar que só atuariam se o adversário não
participasse.
Pouco
depois, surge para Carreras um inimigo muito mais temível: leucemia em estado
avançado.
Sua
vida passou a ser quase exclusivamente lutar contra o novo inimigo: transplante
de medula óssea, ida mensal aos Estados Unidos para transfusão de sangue, etc.
Impedido
de trabalhar, mas possuidor de uma boa fortuna viu esta esvair-se:minguaram até
os recursos para continuar o tratamento. Teve então conhecimento de uma
fundação sem fins lucrativos para ajudar pessoas com leucemia, em sua própria
pátria.
Graças
ao apoio dessa fundação, belamente chamada de “Formosa” venceu a doença e
voltou a apresentar-se, recebendo altos e merecidos “cachês”.
Ocorreu-lhe
fazer-se colaborador da fundação que o salvara da miséria e da morte. Leu
cuidadosamente o estatuto e descobriu que fora fundada por… Plácido Domingo!…
Discretamente
descobriu mais: Plácido Domingo fundara “Formosa”, mas ficava o quanto possível
no anonimato para que Carreras não se sentisse humilhado em aceitar o auxílio
de um “inimigo”.
O
mais comovente deu-se pouco depois. Durante uma apresentação de gala de Plácido
Domingos, Carreras sobe imprevistamente ao palco, ajoelha-se aos pés de
Domingo, pede-lhe perdão e agradece publicamente.
Plácido
ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço selaram o início de uma grande e
bela amizade.
Tempos
depois, um jornalista perguntou a Plácido Domingo porque fizera isso para
ajudar não só um inimigo (assim imaginava), mas o único tenor que poderia
rivalizar com ele. A resposta de Domingo foi curta e simples: “Uma voz como
aquela não poderia perder-se”…
Será
que você, leitor, e eu, nesta semana fizemos algo por algum “Carreras”?…
Fonte: Arautos do Evangelho
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