quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Mão Esquerda


Meu amigo tinha razão no que dizia:
—Quanta coisa estaria resolvida se observássemos os ensinamentos de Jesus no Evangelho. Muito problemas nem existiriam e o mundo seria bem diferente.
Interessei-me em ouvi-lo, mas logo teve que ocupar-se com outra coisa e deixamos para conversar depois.
Já em casa, procurando uns papéis, deparei-me com uma folha de revista. Lê-la e querer contar aos outros, foram atos quase simultâneos.
Jesus nos ensina no Evangelho que devemos fazer o bem sem querer retribuição. Mais ainda, “que a vossa mão esquerda não veja o bem que faz a direita” (Mt 6,3)
A página encontrada trazia um fato ilustrativo desse divino ensinamento. E em nossos dias, não em séculos passados.
*   *   *
Quem gosta de verdadeira música, conhece pelo menos de nome dois grandes tenores espanhóis que marcaram época; Plácido Domingo e José Carreras.
Quem os ouviu sabe que era realmente difícil optar por um ou outro quanto à qualidade da voz, expressividade etc.

Devido a questões políticas tornaram-se inimigos. A ponto de, ao assinarem contrato para alguma apresentação, fazerem constar que só atuariam se o adversário não participasse.
Pouco depois, surge para Carreras um inimigo muito mais temível: leucemia em estado avançado.

Sua vida passou a ser quase exclusivamente lutar contra o novo inimigo: transplante de medula óssea, ida mensal aos Estados Unidos para transfusão de sangue, etc.
Impedido de trabalhar, mas possuidor de uma boa fortuna viu esta esvair-se:minguaram até os recursos para continuar o tratamento. Teve então conhecimento de uma fundação sem fins lucrativos para ajudar pessoas com leucemia, em sua própria pátria.
Graças ao apoio dessa fundação, belamente chamada de “Formosa” venceu a doença e voltou a apresentar-se, recebendo altos e merecidos “cachês”.
Ocorreu-lhe fazer-se colaborador da fundação que o salvara da miséria e da morte. Leu cuidadosamente o estatuto e descobriu que fora fundada por… Plácido Domingo!…
Discretamente descobriu mais: Plácido Domingo fundara “Formosa”, mas ficava o quanto possível no anonimato para que Carreras não se sentisse humilhado em aceitar o auxílio de um “inimigo”.
O mais comovente deu-se pouco depois. Durante uma apresentação de gala de Plácido Domingos, Carreras sobe imprevistamente ao palco, ajoelha-se aos pés de Domingo, pede-lhe perdão e agradece publicamente.
Plácido ajudou-o a levantar-se e com um forte abraço selaram o início de uma grande e bela amizade.
Tempos depois, um jornalista perguntou a Plácido Domingo porque fizera isso para ajudar não só um inimigo (assim imaginava), mas o único tenor que poderia rivalizar com ele. A resposta de Domingo foi curta e simples: “Uma voz como aquela não poderia perder-se”…
Será que você, leitor, e eu, nesta semana fizemos algo por algum “Carreras”?…

Fonte: Arautos do Evangelho

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